In memoriam à Ana Carolina de Souza Pereira

É com muita tristeza que faço minha homenagem à Aninha, que faleceu no dia 06 de julho, vítima da COVID. Infelizmente, perdemos uma jovem linda, cheia de esperança e prestes a receber o diploma dela. Eu, professor Wanderson Corrêa e os(as) colegas da sua turma - Amanda, Emmyline, Lilian, Maria Luiza, Matheus, Mirian, Nice, Poliana, Raquel, Sandra Stela, Vanessa e demais estudantes dos(as) outros polos, acompanhamos o desenvolvimento acadêmico da Aninha, em diferentes disciplinas do Curso de Pedagogia e somos testemunhas do seu esforço, sempre dando o seu melhor.

O texto abaixo são as memórias infantis da Ana (como gostava de ser chamada). Texto escrito para disciplina "Jogos e brincadeiras", em 07/11/2020.

Nos despedimentos da Ana, por meio da sua voz... das suas pegadas...

 

"Me chamo Ana Carolina de Souza Pereira, sou a segunda filha do primeiro casamento da minha mãe. Meu nome foi escolhido por minha mãe, pois ela tinha uma avó que se chamava Ana e gostava muito dela. Eu particularmente não gosto muito do "Carolina". Além de mim, tenho um irmão mais velho, Rodrigo, o João Lucas (que faleceu há 10 anos em um acidente de carro) e Davi que tem hoje oito anos.
Tenho 26 anos, sou mãe solteira e tenho um filho de nove anos, Luca. Sou graduanda em Pedagogia, na Faculdade Federal de Ouro Preto / Polo Alterosa.

Quando eu era criança adorava brincar na rua com os vizinhos, brincava de pique-esconde, pega-pega, outra brincadeira que era bem legal e que brincávamos muito na época era a queimada, gostava também de andar de bicicleta com minhas amigas.

Sempre que minha mãe deixava, gostava de ir à casa da minha amiga, onde eu passava a tarde, brincava de boneca, de comidinha, dançava, ouvia música, mais uma das brincadeiras preferidas era brincar de escolinha, de poder escrever no quadro fingindo que era professora, passando atividades, outra coisa que eu gostava também era fingir que aplicava prova e depois pegava para corrigir, assim como nossas professoras na época fazia. Quando meu irmão João Lucas nasceu eu tinha seis anos, mas já tinha uma responsabilidade muito grande, ajudava minha mãe a olhar ele, cuidava, dava banho, trocava, quando ele entrou na escola eu levava e buscava. E como eu tinha um irmão mais velho que eu, nós sempre revezávamos. Apesar de crianças, minha mãe desde cedo nos ensinou a ajudar em casa e ter responsabilidade, mas nunca deixamos de ser crianças.

Parte da minha infância também frequentava muito a roça do meu avô, assim como representa essa foto que coloquei, lá eu sempre brincava com os gatinhos, gostava de ficar descalço, entrar no curral, beber leite tirado direto da vaca com espuma, andar a cavalo.

É uma pena que hoje em dia, muitas coisas mudaram desde as brincadeiras que quase não existem até mesmo os costumes de se brincar, meu filho mesmo não gosta de roça, gosto muito de animais, mas quase não brinca como brincávamos no nosso tempo.

Mesmo que a tecnologia vem avançando no nosso mundo a fora e é um meio de inovação, é desperdício tanta criança no tempo de hoje realmente não saber o que é brincar, o que é ser criança, porque os celulares, tablets, jogos online, aplicativos vem tomando conta da criançada de hoje, e as brincadeiras que eram saudáveis, vem dia após dia ficando escassa. Meu filho de nove anos já tem celular, sei que tenho grande parcela de culpa. Sim, a culpa é nossa, dos, dos pais, mas como ficar para trás quando a tecnologia se encontra tão avançada.

O que temos que fazer é sempre passar o melhor para nossos filhos, nossos netos, e frutos daqui pra frente, onde qualquer que seja nossa faixa etária, temos que manter sempre viva as brincadeiras, seja por meio das mesmas ou de situações vividas, mantendo sempre viva a criança que existe dentro de cada um de nós" (Fragmento do Webfólio brincante de Ana Carolina, 7 período, em 07/11/20).

 

Estamos sem palavras!
É um misto de angústia e revolta.
Descanse em paz, Aninha!
Sentiremos saudades!

Um abraço forte para o Rodrigo e para o Davi, irmãos da Ana.
Desejo que o Lucas, filho Ana, siga os passos da mãe. Um abraço forte para você, Lucas. Força!
Para a mãe da Ana, diria para guardar a memória de uma filha forte, guerreira, estudiosa e sonhadora.
Deixamos um forte abraço, também, para os colegas da turma dela, do nosso Curso de Pedagogia.

Até breve, Aninha!

Fotos: Aninha criança, escolhida por ela para compor seu Webfólio Memórias infantis e imagem da Ana em 2021.

Um abraço,
Professora Márcia Ambrósio e todos(as) seus amigos(as)

 

12-07-2021 Foto Ana-Carolina-de-Souza-Pereira