+ Projeto Pedagógico do Curso

A mudança civilizatória sem precedentes, que tem nas mudanças ambientais globais a sua face mais visível, exige dos profissionais de educação uma abordagem da integridade da biosfera e da sobrevivência humana no planeta, que extrapola a visão meramente biocêntrica com que a educação ambiental tem sido usualmente tratada. Para isso, a Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC considera fundamental a formação continuada de professores e profissionais de educação numa perspectiva de educação ambiental interdisciplinar e transversal, em diálogo com o projeto político-pedagógico das escolas.

Escolas sustentáveis são definidas como aquelas que mantêm relação equilibrada com o meio ambiente e compensam seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, de modo a garantir qualidade de vida às presentes e futuras gerações. Esses espaços têm a intencionalidade de educar pelo exemplo e irradiar sua influência para as comunidades nas quais se situam. A transição para a sustentabilidade nas escolas é promovida a partir de três dimensões inter-relacionadas: espaço físico, gestão e currículo. 

  • Espaço físico: utilização de materiais construtivos mais adaptados às condições locais e de um desenho arquitetônico que permita a criação de edificações dotadas de conforto térmico e acústico, que garantam acessibilidade, gestão eficiente da água e da energia, saneamento e destinação adequada de resíduos. Esses locais possuem áreas propícias à convivência da comunidade escolar, estimulam a segurança alimentar e nutricional, favorecem a mobilidade sustentável e respeitam o patrimônio cultural e os ecossistemas locais.
  • Gestão: compartilhamento do planejamento e das decisões que dizem respeito ao destino e à rotina da escola, buscando aprofundar o contato entre a comunidade escolar e o seu entorno, respeitando os direitos humanos e valorizando a diversidade cultural, étnico-racial e de gênero existente.
  • Currículo: inclusão de conhecimentos, saberes e práticas sustentáveis no Projeto Político-Pedagógico das instituições de ensino e em seu cotidiano a partir de uma abordagem que seja contextualizada na realidade local e estabeleça nexos e vínculos com a sociedade global.

    A criação de espaços educadores sustentáveis visa atender às ações elencadas como necessárias ao enfrentamento das mudanças climáticas. Por isso, foi inserida como iniciativa do MEC nas pautas interministeriais previstas no Plano Nacional de Mudança do Clima, constituindo elemento facilitador na prevenção e no enfrentamento de riscos ambientais e no fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil (Lei 12.340/2010).

    A Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-Vida) é elemento estruturante na constituição de espaços educadores sustentáveis. Trata-se de um colegiado que envolve estudantes, professores, gestores, funcionários, pais e comunidade com o objetivo de promover a sustentabilidade na escola em todas as suas dimensões, estabelecendo relações entre a comunidade escolar e seu território em busca de melhoria da qualidade de vida. A originalidade desse coletivo é estimular e fortalecer a liderança estudantil na definição dos destinos da escola. Orientada por esses objetivos, a Com-Vida anima um espaço de construção coletiva do futuro que se deseja e, para isso, estabelece a “Agenda 21” na Escola.

    Como espaço de diálogos, a Com-Vida ajuda a escola a projetar e implementar ações visando um futuro sustentável. Isso tem reflexos no exercício de cidadania, de respeito aos direitos humanos e à diversidade sociocultural, bem como na gestão do espaço físico da escola, aprimorando a eficiência no uso dos recursos e diminuindo o desperdício de água, energia, materiais e alimentos. A Com-Vida pode influir na política de compras e na destinação adequada de resíduos, entre outras práticas voltadas ao bem-estar pessoal, coletivo e ambiental.

    Nesse sentido, a transição para a sustentabilidade da comunidade escolar passa, necessariamente, pela criação, estruturação e fortalecimento da Com-Vida. Isso envolve a destinação, pela escola, de espaço para o funcionamento desta comissão, bem como a realização de uma agenda permanente de ações, como diagnósticos da situação socioambiental, promoção de palestras, visitas guiadas, oficinas, entre outras atividades identificadas como necessárias pelo coletivo escolar.

    A busca de sustentabilidade e a implementação da “Agenda 21” na Escola constituem exercício permanente e preveem alterações graduais no ambiente e na rotina escolares. Por isso, a Coordenação-Geral de Educação Ambiental do MEC trabalha com o conceito de “transição para a sustentabilidade”. Isso envolve o desenvolvimento de uma visão de futuro, o planejamento das ações para alcançá-lo e a busca de recursos para realizar ações identificadas como prioritárias, bem como persistência do coletivo escolar em alcançar as metas pretendidas.

    O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) Escolas Sustentáveis surge nesse contexto e preconiza a utilização dos recursos em ações que possam conferir visibilidade à intenção de educar para a sustentabilidade. A escola poderá utilizá-los em uma ou mais ações relacionadas ao espaço físico, à gestão ou ao currículo. É importante, porém, que as intervenções possibilitem à escola realizar uma experiência demonstrativa, que seja amplamente divulgada e estimule processos pedagógicos, tornando-se referência na promoção da cultura da sustentabilidade.

+ Perfil do Profissional

Nosso objetivo é certificar, em nível de aperfeiçoamento, profissionais da educação, como gestores e professores vinculados a escolas públicas do ensino médio, fundamental ou da educação infantil; servidores federais, estaduais ou municipais, cuja atividade inclua o trabalho com escolas, especialmente aqueles que trabalham com projetos e desenvolvem atividades que interferem na rede física da educação, ou pessoas que trabalhem, estudem ou tenham interesse pela temática do curso, tornando-os aptos a pensar, articular, compartilhar e conduzir processos de transformação das escolas em espaços educadores sustentáveis.

+ Objetivos Específicos

  • Planejar uma intervenção nas escolas para transformá-las em espaços educadores sustentáveis, tornando-as referências de sustentabilidade para as comunidades onde se inserem;

  • Discutir estratégias para qualificar o tratamento da educação ambiental nos currículos, de forma transversal e interdisciplinar;

  • Implantar uma Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida) nas escolas, como instrumento de gestão democrática e de planejamento participativo da transição para a sustentabilidade;

  • Estimular as escolas a participarem de projetos que promovam a educação para a diversidade e a sustentabilidade. 

+ Objetivos Gerais

O curso tem por objetivo formar coletivos comunitários habilitados a transformar a escola em espaço educador sustentável a partir da articulação entre currículo, gestão e espaço construído.

+ Metodologia

Desenvolvido na modalidade semi-presencial, o curso tem a duração de 5 meses, usando a internet como meio de comunicação e integração entre os participantes, tutores e professores, e também para acesso ao material de apoio, especialmente desenvolvido por uma equipe de especialistas. Sua proposta pedagógica está assentada na relação teoria-prática, que expressa uma concepção de formação humana e de gestão educacional dentro dos marcos da democracia e da cidadania, buscando incentivar o pensamento crítico sobre a nossa realidade socioambiental, tendo a escola como local privilegiado. Esse processo de formação implica na apropriação de meios, mecanismos e instrumentos que permitam intervenções satisfatórias na transformação das escolas em espaços educadores sustentáveis, a partir da compreensão do conceito de sustentabilidade.

O curso é organizado em módulos, com previsão de quatro encontros presenciais, sendo as demais atividades realizadas a distância. Como trabalho de conclusão do curso, os participantes são orientados a desenvolver projetos de intervenção local, considerando a interação entre escolas e comunidades. Os portais de referência para o desenvolvimento das atividades são a Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública e Portal do Professor. Os tutores a distância acompanham os cursistas e a elaboração de projetos de intervenção de maneira virtual na Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede. Os cursistas podem se reunir nos polos presenciais, com disponibilidade de um tutor presencial. O material didático é condizente com os objetivos, ementa e fundamentos teórico-metodológicos, bem como é organizado segundo os módulos propostos. O curso está disponível offline via material impresso e multimídia. O produto final do curso é a apresentação de uma proposta de intervenção na realidade escolar, elaborada individualmente ou em grupo.